A Colônia Iguape.
Tōkyō Syndicate.
Em contraste com as colônias de Hirano ou da Vila Cotia, formadas por imigrantes que fugiam do trabalho nas plantações de café, havia a Colônia Iguape, que fora inteiramente planejada com o capital japonês.
Em 1910, Ikutarō Aoyagi, Kanetake Ōura (então ministro da Agricultura e do Comércio) e outros empreendedores fundaram o Tōkyō Syndicate. Esse mesmo sindicato enviou Aoyagi ao Brasil em julho daquele mesmo ano. Depois de passar por São Paulo e outros três estados para além do oeste paulista, Aoyagi concluiu que a região de Iguape, localizada às margens do rio Ribeira (distante de 160 km a oeste de São Paulo), era a mais propícia à construção de um núcleo colonial.
Aoyagi, então, solicitou a doação daquelas terras ao governo estadual.
No dia 8 de março de 1912, uma assembléia estadual selou um contrato que previa, dentre outras coisas, a doação de 50 mil hectares de terra não-cultivada na região de Iguape para a construção de uma colônia japonesa e a introdução de 2 mil famílias de agricultores, a serem trazidas do Japão num prazo de 4 anos pela Tōkyō Syndicate.
A criação da Sociedade Colonizadora do Brasil. Formação da Colônia Katsura.
Em março de 1913, foi fundada a Sociedade Colonizadora do Brasil (capital inicial = 1 milhão de ienes), tendo à frente Eiichi Shibusawa como presidente da junta criadora, com o apoio do então primeiro-ministro Tarō Katsura. A Sociedade Colonizadora do Brasil assumiu, então, o contrato assinado anteriormente pela Tōkyō Syndicate.
Em setembro do mesmo ano, a Sociedade Colonizadora do Brasil recebeu uma doação de 1.400 hectares de terra na região de Gipuvura (situada à margem esquerda do rio Ribeira) com o compromisso de introduzir na região trinta famílias, formando assim um novo núcleo de colonização. A colônia foi batizada “Colônia Katsura”, em homenagem ao ministro Tarō Katsura, que falecera.
Como ninguém se candidatasse ao serviço nas áreas mais afastadas do estado de São Paulo, o recrutamento dos colonos teve de ser realizado na rua Conde de Sarzedas, onde concentravam-se muitos japoneses. Os primeiros colonos chegaram à região de Gipuvura entre os meses de novembro e dezembro.
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Livro
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A real situação das colônias da BRATAC
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Ikutarō Aoyagi
Formação da Colônia Registro.
Em seguida, a Sociedade Colonizadora do Brasil buscou garantir a posse sobre as terras da região de Registro, acessível a partir da Colônia Katsura subindo-se o rio Iguape.
Porém, ao contrário do que se pensava, as terras já haviam sido ocupadas por intrusos e particulares; os trâmites necessários para assegurar os direitos sobre a posse da terra consumiriam tempo e, além disso, era forçoso que os acionistas liberassem mais dinheiro, tornando o processo todo muito laborioso.
O recrutamento, que esperava reunir 300 famílias de agricultores independentes, teve início em junho de 1916. Por volta de agosto do mesmo ano, a posse de cerca de 9.300 hectares já havia sido assegurada pela Sociedade Colonizadora do Brasil.
Três companhias de emigração encarregaram-se do recrutamento, mas apenas quatro famílias se candidataram, fazendo deste primeiro recrutamento um grande fracasso. Contudo, em 1917 foram 99 as famílias recrutadas, subindo para 150, em 1918.
Em 1919, a Sociedade Colonizadora do Brasil uniu-se com a C.ia de Desenvolvimento Internacional, sobre a qual falaremos mais adiante, passando a esta os direitos sobre o gerenciamento da Colônia Iguape. A partir dos anos 20, a Sociedade trabalhou na fundação da Colônia Sete Barras, na parte montante do rio Ribeira.
No início, o arroz era a principal variedade cultivada na Colônia Iguape, sendo seguida pela cana-de-açúcar e, mais tarde, pelo café e pela sericicultura. A partir dos anos 30, também foram se popularizando o cultivo do chá preto e o seu processamento.
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Artigos de jornais / revistas
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Colônia de Registro
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Panorama de Registro
Colônia Aliança.
O projeto de construção da colônia concebido pela Sociedade Ultramarina de Shinano.
Em 29 de janeiro de 1922, foi fundada a Sociedade Ultramarina de Shinano, principal órgão a fomentar a emigração na província de Nagano. Fruto dos esforços combinados de Shigeshi Nagata, da Rikkōkai, e de Shungorō Wako, que havia retornado do Brasil temporariamente para o Japão, a Sociedade Ultramarina de Shinano também teve, entre os seus fundadores, Tadahiko Okada (governador de Nagano), Gosuke Imai (membro da Câmara dos Pares) e Heikichi Ogawa (deputado do Seiyūkai, eleito por Nagano).
Em 13 de maio de 1923, o governador de Nagano, Toshio Honma, anunciou diante dos membros da Sociedade Ultramarina de Shinano e dos prefeitos e chefes de distrito de toda a província a decisão de construir uma “colônia completa” no Brasil, “onde os imigrantes assentar-se-iam definitivamente e em segurança; onde eles não se sentiriam ameaçados e, tendo uma vez tornado-se grandes latifundiários, não mais sentiriam desejo de permanecer neste país [o Japão], podendo lá usufruir da mesma felicidade que encontrariam aqui”. O projeto foi concebido tendo como alicerce o plano de construção de um núcleo de 5 mil hectares com investimento de 200 mil ienes e que fora proposto por Shungorō Wako, que havia retornado ao Brasil em março do ano anterior.
A construção da Colônia Aliança.
Em maio do ano seguinte, foi enviada ao cônsul Tetsusuke Tarama, em Bauru, a quantia necessária para custear as pesquisas a fim de que se elegessem as terras mais adequadas. Com isso, a incumbência de fazer a escolha foi passada para Shungorō Wako, que optou, então, por um lote de 5.525 hectares situado nos arredores da estação Lussanvira (estrada de ferro Noroeste), que mais tarde se tornaria a Colônia Aliança I.
Em outubro daquele ano, Shigeshi Nagata, que havia sido diretamente enviado do Japão, selou o contrato de compra das terras, e em junho de 1925 foram abertas, no Japão e nos Estados Unidos, as inscrições, com passagem subvencionada, para aqueles que desejassem adquirir terras no núcleo. Todos os lotes foram prontamente vendidos.
Tão logo a Sociedade Ultramarina de Shinano adquiriu duas novas faixas de terras, vizinhas à Colônia Aliança, em agosto de 1926 e fevereiro de 1927, também a Sociedade Ultramarina de Tottori, a Sociedade de Emigração Ultramarina de Toyama e a Sociedade Ultramarina de Kumamoto puderam adquirir seus próprios lotes nos arredores da Colônia Aliança I (Colônia Aliança II, Colônia Aliança III e Vila Nova).
Muitos colonos que entravam nas colônias Aliança possuíam um nível de educação sensivelmente mais elevado e dispunham de certo capital, destoando da maior parte dos imigrantes mais antigos. Conta-se que alguns trouxeram consigo pianos e bibliotecas particulares. Os imigrantes já estabelecidos no Brasil comparavam os novatos aos que perambulavam nababescamente pelo bairro de Ginza e imigraram fascinados pela vida selvagem, apelidando-os jocosamente “imigrantes de Ginza”.
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Livro
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Plano para a construção de novas colônias no Brasil, da Sociedade Ultramarina de Shinano
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Livro
Detalhes da compra das terras da colônia (anotações de Shigeshi Nagata)
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O supervisor, Tetsusuke Tarama (à direita), e os diretores Chikazō Kitahara (ao centro) e Shungorō Wako (à esquerda)
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Shigeshi Nagata
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Colônia Aliança
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Fontes primárias