O surgimento das companhias de colonização.
A formação da Cooperativa de Emigração para o Brasil e o reinício da emigração.
Com o fim da subvenção até então oferecida aos imigrantes pelo estado de São Paulo, a remessa de emigrantes japoneses ao Brasil foi interrompida. Em março de 1916, a C.ia Oriental de Emigração, a C.ia Colonizadora da América do Sul e a C.ia de Emigração Morioka fundiram-se numa única companhia, a Cooperativa de Emigração para o Brasil, e enviaram ao estado de São Paulo Tadao Kamiya, da C.ia Oriental de Emigração, a fim de reestabelecer as remessas de emigrantes japoneses para o Brasil.
A interrupção no envio de emigrantes europeus por conta da Primeira Guerra Mundial contribuiu para que, em 14 de agosto daquele ano, o estado de São Paulo fornecesse a Kamiya os subsídios necessários para realizar o traslado, tendo sido assinado com a C.ia Antunes dos Santos, que detinha o privilégio na introdução de imigrantes, um contrato prevendo a remessa de 4 a 5 mil imigrantes por ano. Em decorrência desse acordo, o envio de emigrantes foi reestabelecido a partir de 1917.
O nascimento da C.ia de Desenvolvimento Internacional.
De um lado, o governo do primeiro-ministro Masatake Terauchi determinou, através da criação da emenda que assegurava à C.ia de Colonização Oriental S/A — ela própria fruto das políticas estatais — o direito de assumir todos os títulos (fossem de dívidas ou ações) das outras companhias de emigração, de forma que o desenvolvimento das atividades emigratórias fosse possível como política de estado. Assim, solucionavam-se as disputas estéreis entre as diferentes companhias de pequeno porte até então existentes, transferindo para a nova organização a responsabilidade pela empresa emigratória.
Em 1.º de dezembro de 1918, sob a mediação do ministro da fazenda, Kazue Shōda, a C.ia Oriental de Emigração, a C.ia Colonizadora da América do Sul, a C.ia Japonesa de Colonização e a C.ia Nittō de Emigração foram compradas, dando origem à C.ia de Desenvolvimento Internacional (conhecida como “Kaikō”).
Esta mesma companhia fundiu-se com a C.ia Colonizadora do Brasil em abril de 1919, assumindo para si a administração da Colônia Iguape e incorporando, em novembro de 1920, a C.ia Morioka de Emigração (a única restante). Com isso, a C.ia de Desenvolvimento Internacional tornou-se a única companhia de emigração do país, passando a ser também a responsável pela administração de todas as colônias então existentes.
A partir de 1921, a Secretaria Social, do Ministério do Interior, passou a fornecer à C.ia de Desenvolvimento Internacional a quantia de 100 mil ienes a fim de fomentar a emigração e proteger aqueles que já se encontravam no exterior. Com essa quantia, custeava-se a distribuição de materiais impressos, sessões cinematográficas itinerantes e exposições de produtos agrícolas como forma de divulgar as atividades da companhia e o subseqüente aumento de emigrantes.
Contudo, o número de candidatos à emigração sofreu uma queda em decorrência do cenário econômico favorável do período pós-Primeira Guerra Mundial e o dinheiro que a companhia emprestava aos imigrantes raramente era devolvido, de modo que, até que o governo assumisse total responsabilidade pelas despesas com o traslado, em 1924, a administração da companhia ainda enfrentaria períodos difíceis.
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Artigos de jornais / revistas
Diminuição de candidatos à emigração por conta da Primeira Guerra Mundial
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Livro
Os propósitos do estabelecimento da Sociedade de Desenvolvimento Internacional
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Apresentação da Sociedade de Desenvolvimento Internacional
Estímulo à assimilação e medidas anti-japonesas.
O estabelecimento de órgãos de representação do governo no ultramar.
Acompanhando o aumento no número de japoneses no Brasil, em 1915 foi criado o Consulado Geral do Japão em São Paulo e, em 1921, o Consulado de Bauru, cidade onde começa a estrada de ferro Noroeste.
Até o rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e Japão, ocorrida com a eclosão da Guerra do Pacífico, os japoneses radicados no Brasil mantinham com esses órgãos de representação do governo japonês uma ligação muito mais forte do que com os órgãos do governo brasileiro, permanecendo sob a orientação e o controle daquele.
Os jornais de São Paulo se mostraram bastante elogiosos para com os imigrantes japoneses quando da chegada do Kasato-maru; os jornais do Rio de Janeiro, porém, expressaram receio com relação à entrada dos japoneses no país, alegando que estes eram avessos à assimilação e fechavam-se em quistos raciais.
Tendo ainda fresca na memória a experiência negativa ocorrida nos Estados Unidos, os órgãos diplomáticos japoneses no Brasil já vinham, desde muito tempo, acautelando-se contra o surgimento de movimentos anti-japoneses em território brasileiro e agiram rapidamente no afã de impedir o crescimento de tais movimentos. Para tanto, os órgãos diplomáticos persuadiam os imigrantes a evitarem atritos com a sociedade receptora e incentivavam a assimilação.
Como fosse o Brasil um país de maioria católica, a remessa de sacerdotes acatólicos foi reduzida a um número ínfimo. Além disso, recomendava-se aos japoneses, ainda, que ficassem atentos à maneira como se portassem em público.
Restrições impostas à entrada de imigrantes japoneses. A Lei Fidélis Reis.
A despeito da atenção que os diplomatas japoneses haviam dedicado a tudo isso, no dia 22 de outubro de 1923, influenciado pela proibição completa imposta sobre a imigração japonesa nos Estados Unidos, o deputado federal Fidélis Reis (eleito por Minas Gerais) apresentou à Câmara dos Deputados um projeto de lei que buscava vetar a entrada de imigrantes de cor negra e restringir a entrada de imigrantes de pele amarela a 3% do total já estabelecido no país (esse número ainda seria elevado para 5% em dezembro daquele ano). Diversos jornais brasileiros externavam opiniões contrárias ou favoráveis à imigração japonesa. Diante disso, a embaixada japonesa no Brasil reagiu através da criação de um lobby na Câmara, porém sem sucesso; até 1927, o projeto de lei já havia passado pelo Comitê da Indústria e do Comércio e pelo Comitê Financeiro.
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Artigos de jornais / revistas
A atenção do cônsul-geral em São Paulo para com os imigrantes
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O Consulado Geral do Japão em São Paulo, responsável pela segurança dos nossos patrícios no Brasil. Na rua Brigadeiro Luís Antônio
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Artigos de jornais / revistas
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Casa Comercial Kunii
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Artigos de jornais / revistas
A Lei Fidélis Reis (artigo publicado em jornal de língua japonesa)
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Família japonesa ouvindo ao toca-discos em trajes formais